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O Presente de natal- André Alves

O natal está chegando e com ele alegrias, amor, paz... ou não. Pelo menos, não na versão do escritor de terror André Alves, que publicou o livro "Agenda Negra" na Flyve. Cuidado com o que deseja!


Leia agora "O presente de natal", conto do escritor André Alves


capa do conto "O presente de natal" do autor André Alves. Mostra um fundo branco com sombras de símbolos natalinos, o título em vermelho, uma pena preta abrindo um espaço para uma foto com um presente de natal , em baixo da árvore, mas com uma mão saindo e sangue escorrendo. Além disso há papeis com manchas de sangue e desejos escritos.

O trabalho em si não era de todo ruim. Assim pensava Carlos Eduardo, o Cadu, um analista de e-commerce da capital paulista. Mas não tinha dúvidas de que aquela tinha sido uma das piores semanas do ano. E aquele estava sendo, sem sombra de dúvidas, o pior dia daquela semana.


Era 23 de dezembro. As ruas do centro de São Paulo exibiam orgulhosas a extravagância das decorações natalinas. Era como se as vitrines e as fachadas das lojas estivessem em um concurso de drag queens. No interior dos shoppings centers, um caminhante distraído poderia ter a ilusão de estar em algum lugar no hemisfério norte, tamanha a quantidade de neve e bonecos com vestimentas de inverno. Todo aquele clima festivo e aquela atmosfera de esperança, de um povo que aguardava ansioso pelo Natal, contrastava de forma brusca com o clima do Departamento Comercial onde Carlos Eduardo esticava o dia em horas extras.


Um erro no sistema de carregamento de produtos novos na página de vendas gerou um grande stress na diretoria e, como era de se esperar, a bomba estourou no colo de Cadu.

— Senhor Carlos Eduardo! É inadmissível esses produtos não estarem na nossa página ainda! — berrava o diretor comercial através da porta aberta da sua sala. — Se isso não estiver resolvido até o final do dia, cabeças vão rolar!!!


Já passava das 18hs. Cadu suava frio na frente da tela do computador enquanto aguardava o time de TI resolver o problema e tirar a corda do seu pescoço. Mais algumas horas se passaram e, finalmente, o problema foi resolvido. Cadu conseguiu respirar fundo pela primeira vez naquele dia, mas a sensação de alívio durou até se lembrar do que deixara passar.


— Droga! O presente da Luiza!!


Àquela hora da noite, não haviam mais lojas abertas, nem mesmo as dos shopping centers. O dia seguinte já era a véspera do Natal. A árvore pomposa montada no canto da sala ainda estava com um espaço vazio aos seus pés. Sua filha, Luiza esperava pelo dia 24 mais ansiosa do que pelo próprio aniversário. Não podia desapontá-la. Não novamente.


Poucos meses atrás já havia desmarcado a viagem de férias tão esperada por todos, por conta também de um “imprevisto no trabalho”. Havia feito planos para tentar recuperar sua imagem de Super-Pai no Natal. Agora esse plano estava em risco.


Saiu desanimado do escritório e preferiu caminhar um pouco. Cruzou por sobre a Avenida 23 de Maio para chamar um Uber e ir do bairro da Liberdade até sua casa no bairro da Aclimação. Já passava das 22 horas, o bairro oriental estava totalmente deserto. Ou quase. Cadu avistou à frente um homem maltrapilho sentado na calçada, acompanhado de um cachorro magro, revirando uma enorme sacola de juta. O homem tinha traços orientais e estava enrolado em um cobertor muito sujo, apesar do calor que fazia naquela noite. Pensou em atravessar a rua para não se aproximar do homem. Pela aparência da criatura, já podia imaginar o cheiro. Preferiu evitar.


No entanto, ao ameaçar a travessia, Cadu foi surpreendido pelo homem.


— Senhor! — chamou-o com um aceno e um sorriso um pouco desfalcado. — Senhor! Venha cá! Deixe-me lhe mostrar uma coisa!


Cadu sentiu que aquele realmente não era o seu melhor dia, mas não teve outra reação a não ser aproximar-se, a contragosto, do maltrapilho.


— O senhor sabe que amanhã é véspera do Natal?


— Sei sim. Mas ... olha... infelizmente não tenho nada para lhe dar hoje. Lamento.


O homem na calçada soltou uma gargalhada espalhafatosa. Cadu estranhou e olhou em volta para ver se mais alguém presenciava aquela cena estranha. Ninguém na rua.


— Vamos fazer diferente então, senhor. Vejo uma tristeza muito grande no seu rosto. O senhor traz um semblante muito pesado. Deixe que eu lhe dê um presente!


Cadu ficou realmente surpreso com o que ouvira, e continuou observando enquanto o homem revirava sua sacola. De repente, tirou de dentro dela um embrulho. Para surpresa de Cadu, o pacote estava impecavelmente embrulhado, com um papel branco como a neve, limpo de uma forma muito improvável, considerando de onde ele havia saído. Era ainda enfeitado com um grande laço vermelho, de uma tonalidade muito forte que saltava aos olhos.


Enquanto o homem erguia o pacote na direção de Cadu, ele continuou a observá-lo, sem reação. “Não tem o menor sentido eu aceitar um presente de um mendigo a essa hora da noite, em uma rua deserta! Pelo amor de Deus! ”, pensou. Mas por puro instinto ele esticou os braços e pegou o pacote.


— Leve pra jogar em casa! É um jogo muito interessante! Chama-se O Cubo do Gênio. Se conseguir emparelhar uma fileira de cores, pode escrever um desejo e colocar na urna do Gênio. Ele realiza até três desejos, se enfileirar as três colunas.


O analista olhou novamente para o embrulho, ainda surpreso por tê-lo aceitado, mas sem entender muito do que se tratava. Por mais absurda que fosse a ideia, pensou que talvez, se o jogo no interior do pacote estivesse tão bem cuidado quanto o seu embrulho, poderia dá-lo de presente para Luiza, pelo menos até ter tempo de comprar algo melhor.


— Mas muita atenção! — continuou, o oriental maltrapilho. — O Gênio não aceita trapaças! Seja justo, e ele realizará os seus desejos.


Cadu olhou novamente para o pacote em suas mãos. Sua atenção só foi interrompida pelo barulho da motocicleta do entregador de comida que passou acelerando, atraindo a atenção do cachorro que correu atrás dela descendo a rua deserta. Quando Cadu se virou novamente para o homem, para sua surpresa, só encontrou o cobertor velho jogado no chão. Não havia mais ninguém ali.


Mais tarde, depois de ter se desculpado pela demora e de ter tomado um banho quente, sentado na sua cama, Cadu abriu o pacote. Uma caixa de madeira muito bem ornamentada, com símbolos e desenhos muito bonitos entalhados caprichosamente. No seu interior, forrado de veludo vermelho, três nichos: um deles abrigava um tradicional cubo mágico de três fileiras, o segundo nicho trazia um boneco de um gênio com um pequeno bloco de papel aos seus pés, e o terceiro era uma pequena caixa quadrada com um buraco no centro. O buraco na caixa possuía o tamanho suficiente para a entrada de uma folha do bloquinho de papel. Cadu logo percebeu qual era a dinâmica do jogo.


O pai desceu as escadas chamando pela filha.

— Luiza, minha filha! Venha cá um instante!


A menina correu para a sala acompanhada da mãe. O pai entregou-lhe o presente e explicou as regras do jogo. Luiza estava bem entusiasmada. A menina tentou algumas vezes, mas não conseguiu enfileirar as cores do cubo mágico. Sua mãe pegou o cubo de suas mãos e resolveu tentar também. Sem sucesso. Por alguma razão, parecia bem mais difícil do que nos cubos que já havia brincado.


— Isso está muito difícil! — reclamou Elisângela, a esposa de Cadu, dando uma olhada para o marido. — Mas não tem problema filha! Vamos colocar nossos pedidos aqui na urna do Gênio e ver se temos mais sorte com os próximos presentes.


Cadu olhou para a esposa percebendo o recado.


A mãe puxou a primeira folha do bloquinho e escreveu: “um cachorro”. Em seguida dobrou-a e depositou no interior da urna.


— Também vou fazer o meu pedido, mamãe! – saltou Luiza.

A menina rabiscou em letras de forma: “uma boneca que fala”. E também depositou o seu desejo na mesma urna.


Sentindo, além do cansaço no corpo, a decepção pela frustração da esposa e da filha, Cadu esticou a mão e também puxou uma pequena folha do bloco de papel do Gênio.


— Então acho que também vou fazer o meu pedido para o Gênio. Mas o meu desejo não é só para o papai, filha! É para todos nós!


Elisângela parou de pé ao lado dele e observou apreensiva enquanto ele escrevia na folha e mostrava o seu pedido para a pequena Luiza: “um irmãozinho para Luiza”. Enquanto a menina pulava no colo do pai e gritava “Papai, é o que eu mais quero! ”, sua mãe virou-se sem dizer uma palavra e subiu para o seu quarto.


A gravidez de Luiza tinha sido muito conturbada. Por duas vezes, sua mãe quase a abortou por complicações na gestação. Por mais que Cadu sonhasse em ter mais filhos, especialmente um menino, não era mais algo possível para a sua esposa. A placenta havia crescido colada na parede do útero de Elisângela e, para salvar a vida da mulher, os médicos tiveram que retirar o seu útero logo após o parto.


Aquela retaliação do marido tinha sido muito cruel. Ela trancou-se no quarto do casal e o deixou dormir no quarto de hóspedes. Uma chuva forte de verão caía naquela manhã de véspera de Natal. Mas não foi o barulho da chuva que acordou Cadu. Foi o grito de surpresa de Luiza.


— Papai! Papai! Venha ver!! Rápido!!!


Cadu levantou assustado da cama de solteiro no quarto de hóspedes e desceu as escadas correndo. A cena que avistou na sala de estar, ainda apoiado no corrimão, o deixou estarrecido.


Luiza agachada ao lado da árvore de Natal, acariciando um pequeno cachorro preto. Sua mãe de pé ao seu lado, surpresa, olhava para Cadu à espera de algum comentário.


— O Gênio, papai!!! Realizou o desejo da mamãe!


Enquanto a mulher o encarava, com os olhos marejados, Cadu desceu os últimos degraus e se juntou à filha.


— Viu filha! Quando se é boazinha, os sonhos se realizam!


Alheios à alegria da menina, os pais trocaram olhares frios.


— Olha papai! Tem uma caixa ali!!! — correu Luiza em direção a um pacote que tinha quase o seu tamanho e aguardava encostado na parede, logo atrás da árvore de Natal.


A ansiedade da menina em revelar logo o conteúdo daquele embrulho não era maior que a surpresa dos pais, que acompanhavam com os olhos o desembrulhar do presente. Era uma enorme caixa branca. Cadu puxou a menina pelo braço antes que ela continuasse.


Ele pegou nas laterais da tampa da caixa. Abriu-a com o cuidado de um arqueólogo experiente abrindo o sarcófago de uma múmia recém descoberta. No interior da caixa havia uma enorme boneca, vestida de branco e com uma trança loira que ia quase na altura da cintura.


Antes que o homem pudesse perceber, Luiza avançou sobre a boneca e a retirou em seus braços, derrubando a caixa. Enquanto a menina abraçava alegre o enorme brinquedo, a boneca abriu os olhos na direção de Cadu. O mecanismo dela disparou aquela típica voz gravada, através do orifício do autofalante na boca de plástico.


— Olá! Meu nome é Lilith! Vamos brincar?


— Ela fala, Papai!!!! — berrou Luiza olhando para o seu pai. — O génio realizou o meu pedido também!


A menina passara o resto da manhã brincando com a boneca, feliz, pela casa. E enquanto observava sua esposa levar o cachorro para dar um banho no quintal, Cadu tentava entender o que realmente estava acontecendo. Não havia trocado uma palavra com Elisângela desde o desconforto da noite anterior. Será que ela havia comprado os presentes para ela mesma e para a filha, já prevendo que ele havia pisado na bola? Era o mais provável. Nas últimas semanas ele estava tão envolvido com o trabalho que não havia sequer perguntado à Luiza o que ela queria ganhar de Natal. Com certeza sua esposa havia feito esse trabalho. Assim como em muitas outras ocasiões onde ele havia falhado. Sentiu-se culpado. Mais do que isso. Sentiu-se um fracasso.


Um grito de dor muito alto trouxe Cadu de volta de seus pensamentos.


— Ahhhhhh!!!


O berro vinha do quintal. Ele correu em direção aos fundos da casa. Chegando à porta que separava a cozinha do quintal, avistou Elisângela. Ela estava sentada no chão de cimento, com as costas apoiadas na parede, pressionando o braço ensanguentado contra o próprio corpo. De frente para ela, o pequeno cachorro estava em posição ameaçadora, exibindo uma feição raivosa, bem diferente do que aparentava no início da manhã.


O sangue do braço da mulher ainda pingava da boca da pequena fera, manchando o piso do quintal. Cadu abriu a primeira gaveta no gabinete da cozinha e puxou uma faca grande. Em posição de desafio ele deu alguns passos, atravessando metade do caminho em direção ao cachorro. Sua esposa se levantou com dificuldade, enquanto o cão virou-se para encarar Cadu. Ela se levantou e passou por trás do marido para dentro da cozinha. Cadu deu alguns passos para trás, mantendo sempre os olhos e a faca apontada para a fera no quintal. O cão o encarou de volta. O mais estranho é que Cadu sentiu que não era um olhar animal. Era um olhar de ódio. O tipo de ódio que ele acreditava que só os humanos, os piores seres humanos podiam sentir.


Logo que pisou de volta para dentro da casa, fechou a porta da cozinha e passou o trinco, deixando o cão preso no quintal.


A esposa chorava enquanto lavava o ferimento na pia da cozinha. Seu choro trazia um misto de dor e medo. A primeira frase que veio na mente de Cadu foi “Onde diabos você arrumou esse cachorro, Elisângela? ”, mas não teve tempo de verbalizar. No breve instante de silêncio que se formou quando a torneira da cozinha foi fechada, Cadu pode ouvir a gravação da voz da boneca vindo da sala de estar.


A janela lá do quarto não é tão alta. Agora que te ensinei a voar, você pode tentar. Vamos brincar de voar?


Cadu deixou a esposa na cozinha e saiu numa corrida frenética em direção à sala. Ao atingir o vão de passagem que ligava a cozinha ao seu destino, tudo que viu foi a boneca sozinha sentada sobre o sofá.


— Onde está a Luiza!? — gritou. — Onde está a minha filha??


No mesmo momento, se deu conta da estúpida reação que tivera. “Estou gritando com uma boneca? ”. Ao ouvir o som da veneziana de metal se abrir no andar de cima seu coração gelou. Partiu em disparada pela escada até o quarto da menina. A veneziana estava completamente aberta. Cadu correu até a janela e, ainda sem conseguir puxar o ar por completo debruçou-se e olhou para baixo. A calçada da frente de sua casa estava vazia.


— O que houve, papai? — perguntou Luiza sentada no chão do quarto, ao lado do guarda-roupas cor de rosa.


Ainda movido pelo seu instinto, Cadu correu e deixou o corpo cair sobre os seus joelhos, abraçando a filha ali mesmo no canto do quarto.


— O que houve, papai? Por que está me abraçando desse jeito?


— Por um instante eu achei que... nada filha, está tudo bem.


Ao sair de dentro do abraço apertado do pai, Luiza o encarou com um olhar vazio.


— Vamos fazer o seguinte, minha filha: sua boneca...


— O nome dela é Lilith! — interrompeu a menina.


— Certo... a Lilith está apresentando um pequeno defeito. O papai vai ter que levá-la para o conserto hoje. Mas não se preocupe, depois vamos comprar um outro presente bem legal para você, tudo bem?


Mesmo sob os protestos da filha, Cadu pegou a boneca no colo e levou-a para o seu carro, que estava estacionado na frente da casa. Elisângela, com o braço enfaixado observava pela janela da frente, junto da filha, o carro se afastar.


Cadu sentou a boneca no banco de trás e saiu com o carro. Pensou em parar alguns quarteirões à frente de sua rua, onde havia a obra de um prédio em construção. Jogaria boneca em uma das caçambas de entulho e nunca mais se tocaria no assunto.


— Vou dar um fim nesse maldito brinquedo!


Ao parar no primeiro semáforo, sentiu o coração disparar ao ouvir o ruído da gravação vindo do banco de trás.


— Por que tanta raiva, Cadu? Vamos brincar!


A voz da boneca encheu o homem de pânico, mas ele não se virou. Apenas a observou através do retrovisor. Estava ali, parada, sentada no banco de trás.


Me deixa brincar com a Luiza? Ela é minha amiga! — continuou a boneca.


Cadu acelerou o carro. Queria se livrar daquilo o mais rápido possível.


— Eu sou o desejo de Natal dela! Não pode me descartar! Você logo vai perder o seu emprego e não vai poder comprar outro presente para ela. Você é um fracassado, Cadu!


— Cala essa boca, boneca maldita!!!


O berro do homem, ao se virar para trás para encarar a boneca, só foi abafado pelo barulho da buzina do caminhão que vinha na perpendicular, quando o carro de Cadu passou pelo cruzamento no farol vermelho. As imagens e os sons se misturaram na mente dele. A pressão do impacto arremessou seu carro e fez seu corpo se descolar do banco e se chocar violentamente contra o vidro. Tudo ficou escuro.


* * *


A voz de Elisângela chamando o seu nome o fez despertar.


— Cadu! Já está dormindo?


Ele abriu os olhos. Estava sentado na sua cama, com a toalha de banho enrolada na sua cintura. Percebeu ao seu lado o pacote que recebera do maltrapilho na rua deserta no bairro da Liberdade. O embrulho ainda estava fechado. Intacto. Levantou-se e pegou o celular que estava sobre o móvel. Meia noite e meia. Vestiu o seu pijama e desceu.


— Achei que já tivesse ido dormir sem falar comigo, logo depois que tomou o seu banho. — comentou Elisângela ao vê-lo chegar no final da escada.


— Eu acabei pegando no sono mesmo — disse Cadu, sentindo-se ainda meio confuso.


— E o que é isso aí na sua mão? — perguntou a mulher apontando para o bonito pacote de presente que o marido trazia.


Ele hesitou por um momento. Olhou para o pacote e voltou os olhos novamente para a mulher.


— Não é nada! Estava indo jogar isso aqui no lixo.


Ele virou-se e foi caminhando em direção à entrada da casa. Na calçada da frente, abriu a lixeira grande de metal e jogou o pacote lá dentro. Fechou a lixeira e voltou para dentro da casa.


Enquanto trancava a porta da casa, Cadu ainda tentava entender o sonho bizarro que havia tido. “Parecia tão real”. Tentou retomar a sequência dos fatos em sua mente. O embrulho era real. Será que que tinha realmente recebido aquilo de um mendigo? E será que o conteúdo do pacote era mesmo aquele jogo sinistro? Ouviu apenas a voz da esposa atravessando sua linha de raciocínio.


— Cadu, eu preciso te contar uma coisa...


Sentiu um estranho calafrio na pele quando se virou e viu a imagem da esposa parada sob o vão que separava a sala de estar da cozinha, olhando apavorada para ele, segurando em uma das mãos o bastão com o teste de gravidez.



Sobre o autor



Foto em preto e branco do autor André Alves. Homem jovem, com braços cruzados, cabelos curtos e camisa preta.

André Alves é natural de São Paulo, capital, e pai de dois filhos. Analista da Justiça Federal de São Paulo, trabalha no gerenciamento de bens apreendidos. Lá passou a entender que cada objeto daqueles trazia uma história, uma relação com os mais diversos tipos de crimes. E esse contato diário com processos e crimes o inspira a escrever histórias sobre o lado mais sombrio e cruel do ser humano. É um associado ABERST (Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror) desde 2021.




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