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E se?

Crônica por Lucas de Lucca, editor e CEO da Flyve


“E se” é uma pergunta que deixa a maioria dos escritores com tesão, e comigo sempre foi assim. Ando pela rua pensando “e se” pra tudo, desde o gato mudar de cor, quanto a magia ser descoberta de um bueiro de Uberlândia.


Morar no Brasil facilita os “e se”, porque temos tanto problema, que a falta de solução vira oportunidade. E na mão do escritor, oportunidade é história, história de gente sofrendo, lutando, mas superando o problema e alcançando o tão sonhado “e se”.


As vezes a ficção nos deixa sonhar que o “e se” pode um dia chegar, as vezes ela nos motiva a tentar fazê-lo ser real. E, às vezes, o “e se” vem do medo, da nossa falta de esperança no amanhã, como se fosse um “vai se preparando caso isso aconteça”.


Sempre fui um pessimista de primeira e a realidade andou sendo palho duro pro meu pessimismo. De tanto perder pro Twitter e pro jornal, meu “e se” mais sombrio apareceu em forma de um Rei. Um sujeito mega poderoso, com seguidores armados e opiniões contra tudo que a sociedade lutou para construir. Um monstro humano, que usa Deus como arma e desculpa pra ter ódio.


E se, o Brasil cedesse. E se, após tanto lutar, mais de 500 anos sendo feitos de capacho, desistíssemos. E se o ódio vencesse o amor. Seria possível, na contagem das urnas já aconteceu em 2018, o que impediria dessa mesma contagem, arrependida, acarretar em um golpe.


E se o Brasil virasse Reino de Deus, e sobre nós, abaixo apenas do Todo Poderoso, um homem de mente serpentina sentasse no trono mais sagrado da história. Seu poder absoluto, vindo dos seus seguidores armados o suficiente para parecerem mais numerosos que os oprimidos, mostrando que a história se repete em um país ignorante.


Esse “e se” trouxe uma história. Uma história onde a opressão precisa ser mais brutal, precisa ser intelectual. A era da informação precisa ser podada, ao mesmo passo que as liberdades individuais, inimigas da visão sobre a visão de Deus, necessitam de um remédio fatal.


Flertar com 1984 é belo hoje em dia, mas não realista. Nosso Brasil varonil seria diferente daquilo que um gringo pensa, mas muito igual ao que vivem hoje brasileiros espalhados por cantos escondidos. Gasolina cara? Tirar seus carros e motos parece uma boa solução. Manipulação nos meios de comunicação? Melhor que eu te conte toda verdade então.

E em tão pouco, só dois anos, um Brasil inteiro seria capaz de regredir tanto? Não tenho a menor ideia, mas uma coisa sempre tive certeza quando a história me cutucou o ombro. O brasileiro não suportaria mais de dois anos, talvez nem um, provavelmente dois meses seria seu real limite.


Se a ficção e o “e se” insistirem e se tornarem verdade, além do meu eu escritor ser morto, nossos protagonistas também o seriam. Não existe rebeldia tão poderosa a ponto de tão rápido cessar um tirano, ainda mais um com tantos seguidores ainda crentes. Mas a magia da ficção e do surrealismo contemporâneo está aí.


Não quero que seja real, nem te convencer que um pseudocangaceiro contemporâneo surgiria, usando rosa, armas que não são bacamarte, saindo do Nordeste em direção ao RS para matar descendentes racistas de europeu. O surreal no hoje, no contemporâneo, é o que minha mente desejava e é o que eu estou te oferecendo.


Todo meu tesão por esse “e se” está em “Cassy, o Bicha”, o novo conto que lancei no último dia 12 em e-book na Amazon. Nele há um pseudocangaceiro, usando rosa, sem nenhum bacamarte ou coisa que o valha, mas sim armas encontradas em qualquer canto. E ele tem essa sina de atravessar o Brasil quase de cabo a rabo em busca dos racistas que o devem há gerações.


A delícia está na viagem, na jornada. Em visitar o Rio de Janeiro, único foco de resistência. O Copacabana Palace dominado por ex-traficantes e algumas figuras conhecidas da cultura POP. Em conhecer outros sobreviventes e suas histórias. Em ter uma pomba e um burro como parceiros de viagem. Em lutar pela vida várias vezes, tacando fogo nos racistas e homofóbicos. E, quem sabe, com esse conto e mais quatro, talvez com um romance perto da eleição de 22, eu ajude algumas pessoas a evitarem esse “e se”.


Pra ler “Cassy, o Bicha” de graça no KU ou comprar um e-book pra si você pode clicar no link abaixo.


Capa de "Cassy, O Bicha", em tons rosas, com um cangaceiros vestido em roupas cor de rosa e lilás. Título em triângulo com a margem da capa, circulando ela.










Sobre o autor:



Homem branco, sorrindo, com uma camisa preta e jaqueta vermelha. Cabelos escuros e tem bigode e barba.
Lucas de Lucca, escritor, editor e CEO da Flyve


Lucas de Lucca é autor da Trilogia das Plumas, Nova Rajux e outros livros de fantasia que somam quase 10 mil leitores. Além dos livros Lucas também é CEO da Flyve, uma casa editorial especializada em publicar autores brasileiros e fornecer distribuição e formação, além da edição, inclusive com opções gratuitas.

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